O outro esqueleto da Petrobras em Pasadena
Por Clóvis Gonçalves 18/4/2014
Empresa de fabricação de asfalto foi criada nos Estados Unidos em 2010,
mas nunca vingou
Área do terreno adquirido pela Petrobras para ampliar Passadena |
Da operação da Petrobras em Pasadena, no Texas, uma parte
ainda está bem guardada. Quando o litígio entre a estatal e a sócia belga
terminou, um terreno comprado pela Astra foi herdado pela empresa
brasileira. Trata-se de uma fábrica de papel falida chamada Pasadena Paper —
tão centenária quanto a própria refinaria. A Petrobras tinha a intenção de usar
o local para a ampliação da planta de refino. A ideia era aumentar a
capacidade de processamento de 100 000 barris diários para 200 000. Junto com o
projeto, a estatal aprovou a criação de uma nova empresa a ser instalada no
local: a Petrobras Asphalt, que fabricaria asfalto como subproduto do petróleo
processado em Pasadena. A empresa foi registrada no banco de dados do estado do
Texas em 8 de janeiro de 2010. Mas sua atuação foi fulminante. No início
de 2013, já estava fora de operação.
Não há registros da atuação da Asphalt em Pasadena. Sua área, assim como
o restante do terreno da empresa de papel, integra um elefante branco na cidade
e funciona meramente como galpão de estocagem de insumos da refinaria. A
Petrobras jamais comunicou aos seus acionistas sobre a criação da nova empresa
e tampouco o que pretendia com ela. Comandada pelo então gerente da área de
asfalto da BR Distribuidora, Jorge Paulo Moro, a Asphalt tem em seu DNA as
digitais de Nestor Cerveró e seu sucessor na diretoria internacional, Jorge
Zelada. À época da criação da empresa, Cerveró era diretor financeiro da BR, o
único braço da estatal ligado a projetos de asfalto. Foi ele que chancelou a
indicação de Moro, funcionário de carreira da estatal, para liderar o negócio.
Outra indicação foi a de Sócrates José Marques da Silva, assessor de Zelada,
que também assinou pela criação da empresa.
Da mesma forma que o projeto de expansão da refinaria nunca vingou, a
Petrobras Asphalt também foi sepultada. Com a chegada de Graça Foster à
presidência da estatal, não só a diretoria internacional viu seu poder minguar,
como os projetos que estavam sob sua batuta também foram congelados. O quanto a
Petrobras gastou para criar a estrutura da Asphalt nos Estados Unidos ainda é
um mistério. Contudo, apenas para implodir um prédio localizado no terreno da
empresa de papel e assim usá-lo para seus próprios interesses, a estatal
injetou 10 milhões de dólares, por meio da refinaria de Pasadena.
Em 2013, a Asphalt deixou de operar e seus funcionários voltaram ao
Brasil. No pouquíssimo tempo em que funcionou nos EUA, a única coisa que
acumulou foram duas ações na Justiça, das quais é ré. Ambas alegavam terem contratos
firmados com a empresa brasileira, cujos pagamentos não foram
honrados. Para escapar das penalidades, a empresa tem alegado que está em
processo de dissolução e não pode arcar com nenhuma penalidade financeira.
(Veja)