PF PRENDE VEREADOR LÍDER DE GREVE DA PM NA BAHIA
Por Clóvis Gonçalves 18/4/2014
Marco Prisco |
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira o vereador tucano
Marco Prisco, líder dos policiais militares grevistas na Bahia. Prisco foi detido em um resort na Costa do Sauípe, litoral
baiano. O parlamentar foi transferido imediatamente para o
Complexo da Papuda, em Brasília. Além de vereador em Salvador,
Prisco é diretor-geral da Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia
(Aspra), uma das entidades que organizaram as paralisações da PM neste ano
e em 2012 – após a qual Prisco se elegeu. Policiais agora ameaçam
retomar a paralisação que havia sido encerrada nesta quinta-feira,
após acordo com o governo estadual.
A pedido do Ministério Público Federal (MPF), o juiz Antônio
Oswaldo Scarpa, da 17ª Vara Federal em Salvador, expediu
o mandado de prisão preventiva contra Prisco no dia 15 de abril
– antes, portanto, de os praças da PM firmarem acordo com
o governo Jaques Wagner (PT) para dar fim à greve. Em nota,
o MPF afirmou que o objetivo da prisão preventiva de Prisco é
"garantir a ordem pública". Ele é réu, desde o ano passado, em ação
penal por formação de quadrilha armada e crime contra a Segurança Nacional.
O MPF denunciou Prisco e outros seis militares (entre soldados e
cabos), em abril de 2013, por crimes cometidos durante a greve de
2012, às vésperas do Carnaval. Segundo os procuradores, Prisco ganhou
notoriedade e obteve benefícios eleitorais com a greve de 2012. Ele havia
se candidatado a deputado estadual em 2010 pelo PTC, mas não conseguiu se
eleger.
Para garantir a segurança de Prisco, o juiz decidiu que o réu deve
ser mantido em presídio federal, em unidade de segurança máxima, por até
noventa dias – por isso, ele teve de ser levado para a Papuda. A
prisão de Prisco teve auxílio da Polícia Rodoviária Federal e da Aeronáutica,
que cedeu a base área para a decolagem do avião que transportou o tucano
para Brasília. Como é acusado de cometer crime político, Prisco terá
de recorrer ao Supremo Tribunal Federal.
O parlamentar tucano, assim como as associações de PMs organizadoras da
greve e seus dirigentes, teve os bens bloqueados por determinação do
Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O tribunal havia determinado o fim
imediato da greve e estabelecido multa de 1,4 milhão de reais, caso o movimento
prosseguisse. Os grevistas da PM e o governo do Estado fecharam acordo e
encerraram a paralisação nesta quinta-feira. Uma dos pontos do acordo era a
anistia, no âmbito da corporação, de faltas administrativas leves
cometidas durante os dois dias de paralisação. Os grevistas também exigiram que
o Comando-Geral da PM reveja os processos administrativos disciplinares
instaurados após a greve de 2012.
Nova greve – Após a captura de Prisco pela PF, o deputado estadual capitão
Tadeu Fernandes (PSB) publicou nota de repúdio e acusou o governo
baiano de "traição". Fernandes disse que o vereador
tucano "assinou o acordo para encerrar a greve contrariando parte da
tropa" e que "o governo mais uma vez trai a boa vontade dos
policiais e bombeiros militares e manda prender Prisco". "Neste
momento, por exigência dos policiais e bombeiros militares, saio da condição
de moderador do movimento reivindicatório e assumo a liderança do mesmo.
Conclamo toda a tropa para suspender as atividades imediatamente até que o
governo providencie a soltura de Prisco", escreveu o deputado – embora
caiba à Justiça Federal, não ao governo do Estado, decidir sobre a prisão ou
soltura do réu.
Em nota, a Secretaria da
Segurança Pública disse que "assegura o cumprimento de todos os itens do
acordo firmado com as associações representativas da Polícia Militar". A
pasta